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OBESIDADE

OBESIDADE

A epidemia global de diabetes

Quase 10% de todos os adultos do mundo têm diabetes, e a prevalência da doença cresce com rapidez. Tanto nos Estados Unidos quanto em outros países ricos, o aumento da obesidade e da inatividade são a causas primárias em países em desenvolvimento, da Índia à América Latina, do Caribe ao Oriente Médio. Esta é a conclusão de um sombrio relatório publicado neste semana na revista médica Lancet, que rastreia tendências da diabete e resultados de testes de açúcar no sangue em cerca de 200 países e regiões nas últimas três décadas.

As descobertas do estudo prevêm uma enorme carga financeira sobre custos de saúde pública e diversos problemas de saúde neste século, já que a doença predispõe as pessoas a ataques do coração, falência renal, cegueira e algumas infecções. “Este estudo confirma a suspeita de muitos que a diabete se tornou uma epidemia global", disse Frank Hu, epidemiologista na Faculdade de Saúde Pública de Harvard. "Ela tem o potencial de sobrecarregar os sistemas de saúde de muitos países, especialmente daqueles em desenvolvimento". 

Globalmente, a prevalência de diabete em homens de mais de 25 anos cresceu de 8.3% para 9.8% de 1980 a 2008. Para mulheres com mais de 25 anos, o crescimento foi de 7.5% para 9.2% no mesmo período. “Isto será provavelmente uma das características definidoras da saúde mundial nas próximas décadas", segundo Majid Ezzati, epidemiologista e bioestatístico do Imperial College London, que chefiou o estudo. "Há a simples magnitude do problema. E há o fato de que, diferentemente dos casos de pressão e colesterol altos, não temos na verdade um bom tratamento para a diabetes".

Há dois tipos de diabetes, uma disfunção metabólica na qual o corpo não consegue mover rapida ou adequadamente o açúcar do fluxo sanguíneo para os tecidos após uma refeição. O tipo 1 é uma doença autoimune, que aparece na infância e requer que o paciente tome injeções de insulina para sobreviver. O tipo 2, que responde por 90% dos casos, geralmente surge depois dos 25 anos. É controlado por insulina, pílulas e, em alguns casos, perda de peso e exercício. A doença é mais comum nas ilhas do Pacífico Sul, onde uma explosão de obesidade mórbida, aliada a uma predisposição genética, levou a uma prevalência de 25% em homens e 32% em mulheres. 

Entre países de alta renda, os Estados Unidos tiveram o maior aumento nas últimas três décadas para homens, e o segundo para mulheres (atrás da Espanha). Em 2008, 12.6% dos homens e 9.1% das mulheres americanas tinham a doença. Mas China e Índia serão responsáveis pelo que irá acontecer nas próximas décadas. Hoje, os dois países respondem por 40% dos casos no mundo. Em contraste, 10% do total mundial vive nos EUA e na Rússia, diz o Washinton Post. Barry M. Popkin, professor de nutrição da Universidade da Carolina do Norte, que fez pesquisas na China, diz que o aumento dos diabates no país apenas começou - os casos vão aparecer como consequência da obesidade e da inatividade resultantes do boom econômico do país.

 O Excesso de Peso pode comprometer o Cérebro 

(texto retirado do site Emagrece Brasil-Uma parceria da Revista Sáude Abril)

Se você tem entre 35 e 60 anos e está com uns quilinhos a mais, fique atento. Segundo um trabalho recém-concluído pela Associação Americana de Neurologia, pessoas na meia idade com IMC acima de 25 apresentam um maior risco de desenvolver algum tipo de demência quando ficam mais velhas. No estudo, cerca de 8 500 irmãos gêmeos foram pesados quando estavam na meia idade e, trinta anos depois, submetidos a uma avaliação neurológica. Entre os que foram diagnosticados com doença de Alzheimer e demência vascular — aquela causada pelo entupimento de vários vasinhos no cérebro —, 39% possuíam sobrepeso e 7% eram obesos por volta dos 35 anos. Essa incidência foi 80% maior em relação às pessoas com IMC abaixo de 25.

Para a endocrinologista Claudia Cozer, do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, a explicação deve estar nos problemas circulatórios que normalmente afetam quem está fora do peso ideal. “Quem é obeso ou está com sobrepeso tem tendência a apresentar um aumento nos níveis de colesterol, pressão e glicemia, o que compromete os vasos sanguíneos”, explica. Quando a circulação é prejudicada, os vasos cerebrais também são atingidos e, em caso de entupimento, deixam de irrigar os neurônios, facilitando déficits cognitivos. Além disso, há indícios de que os mesmos fatores por trás de males vasculares contribuam para o aparecimento do Alzheimer, mal que afeta a memória, o raciocínio e a localização no espaço.

Por que aos 40?

A partir dessa faixa etária ficamos mais sujeitos a alterações de pressão, gordura e açúcar no sangue por causa da queda no metabolismo. Ou seja, os processos que ocorrem dentro do organismo ocorrem de maneira mais lenta, facilitando o aparecimento de distúrbios circulatórios e dificultando um retorno aos padrões ideais.  Assim, fica mais complicado não só perder os quilos extras, como mudar os próprios hábitos, o que gera um círculo vicioso.

Mas cabe um recado a quem tem 40 anos ou mais e sofre para se livrar da gordura acumulada. “Emagrecer não é o mais importante. O ideal é manter-se ativo e adotar uma alimentação balanceada, rica em verduras, frutas e legumes”, esclarece Claudia. Portanto, quem quer garantir uma mente saudável depois dos 70, deve se levantar já da cadeira.

 Dá para tratar a obesidade sem remédios?

A pergunta vem à tona no momento em que o órgão regulador de medicamentos do país ameaça proibir as drogas para emagrecer que atuam no sistema nervoso. Em meio à polêmica, investigamos os dilemas e as promessas que envolvem a luta contra o excesso de peso.

DIOGO SPONCHIATO

O cerco aos remédios que inibem o apetite ultrapassou as fronteiras europeias e americanas e chegou ao Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer retirar do mercado a sibutramina e os comprimidos à base de anfetamina. "Os estudos e os dados obtidos apontam que os benefícios desses fármacos não compensam os riscos", afirma Maria Eugenia Cury, chefe do Núcleo de Investigação em Vigilância Sanitária da entidade. Na contramão, sociedades médicas condenaram a posição, declarando que, ao reduzir o arsenal terapêutico a favor do emagrecimento, o controle da obesidade se enfraquecerá e muitos brasileiros não conseguirão erradicá-la de sua vida. Diante da discussão, nada mais justo do que conhecer as visões antagônicas sobre o papel desses remédios, que deveriam ser receitados quando mudanças no estilo de vida são insuficientes para abaixar o ponteiro da balança.

Comecemos com a sibutramina, que está na mira da Anvisa desde o ano passado. Uma pesquisa conduzida na Europa revelou que essa droga, capaz de prolongar a saciedade, eleva o risco de infartos e derrames — o que resultou na cassação do remédio na União Europeia e nos Estados Unidos. "Esse trabalho, no entanto, foi feito com pessoas de alto risco cardiovascular, para as quais a sibutramina não deveria mesmo ser prescrita", critica a endocrinologista Rosana Radominski, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. "Quando bem indicada, ela é uma opção eficiente para ajudar o paciente a emagrecer."

Já os anfetamínicos, que também domam a fome, recebem uma acusação mais grave. "Eles aumentam a probabilidade de problemas cardíacos, pulmonares e psíquicos, podendo levar à dependência e à psicose", diz Maria Eugenia. "Não faz sentido deixar à venda drogas que não são seguras e ainda têm sua eficácia questionável", completa. Para o endocrinologista Marcio Mancini, da Sociedade Brasi leira de Endocrinologia e Metabologia, tudo depende da avaliação do paciente — muitos respondem bem a esses fármacos na berlinda. "Aboli-los é tratar uma doença como a obesidade com preconceito. Todo tipo de remédio contra qualquer doença apresenta riscos e efeitos adversos", diz.

O fato é que, com a saída da sibutramina e dos anfetamínicos das prateleiras, o tratamento farmacológico da obesidade vai enxugar para valer. "Só teremos à disposição o orlistat, droga que reduz a absorção da gordura ingerida mas que é muito cara e não interfere no apetite", observa Rosana. Além dela, persistirão alguns antidepressivos cujos efeitos são modestos e, por isso, não passam de coadjuvantes. Para a Anvisa, as mudanças de hábito, aliadas a um acompanhamento com médicos, nutricionistas e psicólogos, seriam satisfatórias para contra-atacar a obesidade. Mas muitos especialistas no assunto refutam: segundo eles, há pessoas que necessitam de remédio sobretudo para começar a emagrecer. "Os inibidores de apetite aceleram a perda de peso, o que estimula a adesão ao tratamento completo", avalia o psiquiatra Arthur Kaufman, do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Mas é preciso esclarecer que esses medicamentos não são a fórmula mágica para o emagrecimento. Longe disso. "Eles propiciam uma redução de 10% do peso, mas, depois de um tempo, o organismo se acostuma e o efeito fica limitado", admite a endocrinologista Maria Teresa Zanella, da Universidade Federal de São Paulo. "No entanto, quando o obeso perde 5% da sua massa, já observamos uma diminuição no risco de diabete e doenças cardíacas", afirma.

O debate em torno dos inibidores de apetite nos remete a outra questão: é possível tratar a obesidade sem intervir no cérebro? "É o sistema nervoso que controla a fome, a saciedade e o gasto energético", responde Maria Teresa. "A obesidade também apresenta um componente emocional em 100% dos casos. Com ou sem droga, não há como escapar da cabeça do paciente", afirma Kaufman. Para o endocrinologista Bruno Geloneze, da Universidade Estadual de Campinas, no interior paulista, a discussão motivada pela decisão da Anvisa não pode deixar de levar em conta o real papel dos medicamentos antiobesidade. "Temos que lembrar que a terapia farmacológica é complementar. Só com motivação e modifi cações no estilo de vida o tratamento se sustenta", pondera.

Enquanto a polêmica persiste, centros de pesquisa mundo afora testam outras estratégias pró-emagrecimento — soluções que têm uma longa estrada pela frente antes de virar realidade. "O sonho seria uma droga que atuasse exclusivamente na região do cérebro que controla o apetite", conta Geloneze. Na ausência dela, a ciência tenta interferir em hormônios, no próprio tecido gorduroso e até na flora intestinal. Vale (quase) tudo para emagrecer o planeta.

O peso também derruba(fonte:site Emagrece Brasil)

Além da idade, os quilos a mais elevam o risco de quedas, alerta um estudo brasileiro

O peso também derruba
 

Quando os cabelos brancos andam acompanhados pelo excesso de peso, uma lista de problemas costuma ser anunciada. Segundo um trabalho do educador físico José Ailton Carneiro, da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, no interior do estado, podemos incluir nesse rol a perda de equilíbrio e o risco de tombos.

Carneiro submeteu 30 mulheres acima de 65 anos obesas e com peso normal, além de 15 jovens em sintonia com a balança, a testes de avaliação postural - ficar em pé sobre uma plataforma de madeira com os olhos vendados ou sobre uma superfície de espuma.
"As obesas apresentam uma postura mais rígida e, em caso de oscilação, não têm força para controlar toda sua carga", observa. Tudo isso porque os quilos extras alteram a geometria corporal e tornam mais lentos os reflexos exigidos no dia a dia.


Suar é preciso


A obesidade prejudica o sistema proprioceptivo, um conjunto de receptores presentes nos músculos, nos tendões e nas articulações que garante ao corpo a capacidade de se posicionar e se movimentar corretamente no espaço. A atividade física não só combate as gorduras a mais como aperfeiçoa esse sistema pró-equilíbrio.

 

Você já pensou nisso?

Se eu junto água e farinha, formo cola. Mas se a essa mistura eu adiciono ovos e açúcar, tenho uma massa de bolo. Onde é que a cola foi parar? Resposta: simples, está ajudando a "colar" a gordura em sua barriga depois de devorar o bolo.

 
Obesidade Infantil

Segundo a Sociedade de Pediatria de São Paulo, a obesidade já atinge 10% das crianças e 20% dos adolescentes brasileiros. Ela está presente em todas as classes sociais e já se tornou um problema de saúde pública.

As causas da obesidade são muitas: má alimentação, sedentarismo, antecedentes familiares, hormonal.

As conseqüências são várias: aumento de colesterol, risco de contrair diabetes e doenças cardiovasculares, problemas respiratórios e ortopédicos, provocados pela sobrecarga de peso, com lesão do sistema ósteoarticular, principalmente nos períodos de estirão do crescimento.

Bebês estão sendo superalimentados com leite em pó

Segundo um estudo produzido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), muitos bebês, que usam o leite em pó como principal alimento, estão sendo superalimentados nos seus primeiros meses de vida, o que pode explicar, em parte, por que a obesidade infantil vem aumentando tanto nos últimos 20 anos.

Algo de mágico deve existir no leite materno, porque as necessidades calóricas dessas crianças que são alimentadas exclusivamente de leite materno são cerca de 7% menor do que aquelas que se alimentam de leite em pó.

No mesmo sentido, vários países do mundo vêm estudando o papel da amamentação no peito na prevenção da obesidade. A relação existe, embora o mecanismo não seja totalmente entendido. Mas existem hipóteses que vão em três direções, e que podem ser complementares. Pela abordagem comportamental, amamentar no peito seria um sinal de que a mãe dá mais tempo e cuidados ao bebê. Desta forma, também continuaria se ocupando de sua alimentação depois que ele deixa o peito.

A segunda hipótese seria a da auto-regulação que o aleitamento proporciona ao bebê, que mama apenas o quanto precisa e pára quando está satisfeito. Na mamadeira as mães sempre acabam forçando, pois querem que o bebê ''tome tudo''.

Finalmente, a terceira explicação seria um estudo desenvolvido por uma equipe do Centro Médico do Hospital Infantil de Cincinnati, EUA, que revelou que o leite materno contém uma proteína capaz de diminuir o risco de obesidade. Foi verificada a presença de altos níveis de uma proteína, a adiponectina, que regula como o corpo processaaçúcares e as substâncias gordurosas do leite.  Para os cientistas, a presença desta proteína no leite materno pode influenciar a obesidade do futuro adulto.

ERRO INICIAL

Em geral, os bebês preferem sabores doces e salgados aos amargos e azedos. Essa preferência tem uma explicação evolucionária: o doce é indicativo da quantidade de energia da comida, e a aversão a azedos e amargos uma forma de proteção contra alimentos estragados. Daí se chamar de ''paladar infantil'' aquela pessoa que só aceita sabores mais primários.

Quanto mais a criança for estimulada em experimentar o paladar de alimentos de sabores mais delicados, menos tolerante ela será ao excesso de sal e do açúcar, que é a condição ideal para a alimentação mais natural e integral.

Infelizmente, o inverso da equação também dá certo, ou seja, quando a criança se acostuma com refeições muito doces ou salgadas, acaba não conseguindo apreciar o sabor mais sutil de frutas e legumes.

A família toda deve ser envolvida na reeducação alimentar, senão não funciona. Dar o exemplo é fundamental. Educação alimentar talvez seja a melhor expressão, pois é como se muitas crianças - e adultos também - fossem analfabetas no assunto. Assim como quase tudo na vida, comer é algo que se aprende, e para isso o paladar deve ser treinado. Nesse processo, além do exemplo, pesa a determinação dos pais - que também precisam ser ''educados'', é claro.

Vale a pena insistir em apresentar um novo alimento à criança, em vez de ceder na segunda vez que ela disser que não gosta. Segundo estudos, é preciso oferecer uma comida nova cerca de dez vezes a uma criança até ela se familiarizar com o alimento.

Carinho que alimenta

Segundo pesquisa da psicóloga Patrícia Spada, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a obesidade infantil muitas vezes decorre de uma dificuldade de comunicação entre a mãe e seu filho, desde antes da fala. Patrícia avaliou 92 mulheres com filhos obesos, de até 10 anos, em que a doença não tinha causas hormonais.

''Muitas mães de crianças obesas demonstram dificuldade em perceber o que o filho quer quando chora, que pode ser por fome, mas também pode ser por frio e necessidade de carinho. Acabam fazendo da comida o único vínculo entre eles'', explica a psicóloga. Assim, o ato de comer passa a ser fonte não só de energia, mas também de afeto.

Pais não querem enxergar a obesidade dos filhos

Pais de crianças e adolescentes custam admitir que seus filhos estão acima do peso, segundo uma pesquisa (Hospital Derriford, em Plymouth, Inglaterra) com os pais de 277 crianças obesas, quando apenas 25% deles admitiam que seus filhos estavam com excesso de gordura corporal.

Um terço das mães e um pouco mais da metade dos pais disseram que elas estavam com o peso "normal". Tal fato pode sinalizar uma relutância em admitir um problema ou por comodismo, já que estar acima do peso se tornou algo comum.

Mas para resolver tal problema é fundamental o reconhecimento e a participação dos pais. Afinal, é quase impossível que as crianças resolvam esse problema sozinhas.

Dizer que criança gordinha é criança saudável é coisa do passado. Hoje é consenso que criança saudável é aquela que está dentro do seu peso e tem uma alimentação equilibrada. Sabemos que 80% das crianças obesas se tornarão adultos obesos. E quanto mais cedo essa obesidade se apresentar, mais doenças associadas a ela vão surgir. Diabetes, hipertensão arterial, aumento de colesterol e triglicérides levam a doenças do coração e problemas ortopédicos. E, pasmem, a obesidade está ligada até ao câncer.

Para saber se seu filho está acima do peso, o médico irá calcular o IMC (peso dividido pela altura ao quadrado) e aplicá-lo a uma curva de crescimento.

Crianças obesas têm mais chance de doença cardíaca

Pesquisadores da Universidade de Tulane, EUA, baseados no mais recente estudo sobre a obesidade infantil, afirmam que crianças com excesso de gordura corporal tendem a ter o ventrículo esquerdo do coração maior quando crescem, aumentando as chances de doenças cardíacas.

Os dados mostram uma necessidade de prevenir problemas de peso ainda na infância, evitando sobrecarregar o coração com carga extra da pressão sanguínea, e outros problemas de saúde correlatos, que podem contribuir para uma mudança na estrutura do coração.

Promover uma mudança no estilo de vida das crianças é a melhor maneira de combater o avanço da obesidade infantil.

Apesar da desnutrição ainda ser uma realidade brasileira, 70 milhões de brasileiros (40% da população), estão acima do peso adequado.

Levantamento nacional feito em 1975 e 1997 mostra que a obesidade aumentou de 8% para 13% em mulheres, de 3% para 7% em homens e de 3% para 15% em crianças.

E segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a obesidade infanto-juvenil no Brasil subiu 240% em 20 anos. Esse dado assustador se deve aos hábitos alimentares inadequados e pouca atividade física.

Além do sedentarismo que atinge nossas crianças, os alimentos tradicionais da cultura brasileira (arroz, feijão, carne, saladas, legumes e frutas) foram substituídos por alimentos industrializados de alto valor calórico, mas nutricionalmente pobres (caloria vazia). Nos lanches, ao invés de frutas ou sanduíches leves, as crianças comem salgadinhos industrializados, frituras, biscoitos recheados e refrigerantes.

A solução para esse grave problema de saúde pública, é promover mudanças no estilo de vida da população.

  1. Praticar atividades físicas diariamente por pelo menos 30 minutos: caminhar, andar de bicicleta, jogar bola, correr, nadar. Temos de incentivar a prática da atividade física prazerosa e criativa. A atividade física adequada depende da aptidão e da escolha da criança. Exercitando-se com prazer, ela não abandona o esporte.
  2. Fazer todas as refeições com os alimentos adequados para cada uma delas: café da manhã, lanche, almoço, lanche vespertino, jantar e ceia.
  3. Não substituir água e sucos naturais por refrigerantes ou sucos artificiais.
  4. Aumentar o consumo de frutas, verduras e legumes diariamente, em especial os da estação.
  5. As refeições devem ser feitas à mesa, com tranqüilidade.

Nunca é tarde para ensinar bons hábitos alimentares aos nossos filhos. E quanto mais cedo começarem as mudanças, melhor. Instalar hábitos alimentares saudáveis aos três anos é mais fácil do que quando a criança está com 10 anos. Se a criança já está gordinha, sinal de problema e não é hora de cruzar os braços e deixá-la comer o que quiser. Tratado o problema no seu início as chances dela tornar-se um adulto obeso ou com um manequim padrão são as mesmas: de 50%. Já um adolescente obeso reduz para cerca de 20% a sua probabilidade de vir a ter um peso normal um dia, se não interromper o ciclo vicioso que o leva a comer em excesso. 

Dez erros a serem evitados

  • 1. Brincadeiras e distrações: hora de comer é hora sagrada, evitar distrações, visitas, telefonemas, fazer aviãozinho. Cuidado com os mimos e a manha;
  • 2. Sempre dizer sim: criança sem limites abusa na quantidade e na péssima escolha do alimento. Deve-se buscar ser mais liberal em outras situações;
  • 3. Ceder ao primeiro não gosto disso: a criança tende a dizer que não gosta do que nunca provou. Cada um pode comer o que quiser, mas experimentar é fundamental;
  • 4. Comida como recompensa: ''coma esta salada para ganhar a sobremesa'' passa a idéia de que salada não é bom e que a sobremesa é tudo de bom;
  • 5. Lanches fora de hora: o ideal são 6 refeições diárias, e evitar beliscar fora de hora;
  • 6. Chantagem: ''se não comer a cenoura, não ganha presente''. Isso só vai aumentar o ódio que a criança sente dos legumes;
  • 7. Substituir refeições: não quer arroz e feijão, então toma só a sobremesa. Esse erro é muito comum, e se a criança conseguir uma vez, vai repetir a estratégia sempre;
  • 8. Tornar o comer na rua um programão: a comida de casa vai ficar meio sem graça;
  • 9. Falta criatividade na comida: a criança vai enjoar;
  • 10. Dar o exemplo: não adianta mandar tomar sucos e beber refrigerante.

pesoA obesidade é um problema mais sério que muitos imaginam. Não é somente uma aparência volumosa que altera a estética. Recentemente cientistas descobriram que não somente aumenta a deposição da gordura no tecido gorduroso, mas muitos outros órgãos internos sofrem alterações importantes que levam a uma disfunção significativa.  Sabidamente, a obesidade leva a uma maior predisposição de adquirir diabetes, hipertensão arterial, arteriosclerose, diminuição da defesa do organismo e alguns tipos de câncer. As descobertas científicas recentes mostram que há outras alterações anormais que acompanham a obesidade que antes não se relacionavam com a mesma. O corpo humano é constituido de vários tipos de células, portanto o aparecimento das doenças significa alterações de função celular. O que determina a função celular são os gens que estão no núcleo da célula, daí a alteração  da célula significa a alteração dos gens e assim pode-se concluir que a doença é o resultado das alterações dos gens. A obesidade provoca a diminuição da capacidade de regeneração celular. Por exemplo, o fígado é um órgão bem conhecido pela sua capacidade de regenerar, mas foi notado que nos obesos há uma diminuição evidente da capacidade de regeneração. Estas descobertas recentes demonstram que quando há um dano de órgãos nos obesos, devido à diminuição de capacidade de regeneraçao celular, a recuperação é demorada e às vezes é impossivel, que por sua vez resulta no envelhecimento antecipado e sérios problemas de saúde. O reparo de órgãos danificados envolvem vários gens com processos complexos. Na obesidade notam-se mutação dos gens envolvidos na regeneração tecidual e os vários gens relacionados com a diabetes, hipertensão arterial, arteriosclerose estão sofendo alterações. Os linfócitos T, comandantes de sistema imunológico, apresentam alterações graves que não são capazes de identificar as células cancerosas e assim há uma maior possibilidade de adquirir câncer.